Freqüentemente me deparo com queixas de todos os tipos nas organizações, queixas do chefe, do salário que poderia ser melhor, da agenda “escondida”, do colega que não quer aceitar a opinião, da vaga de garagem que poderia ser melhor, do auxilio alimentação que é baixo, do carro que a empresa fornece e por aí vai.
Na maioria das vezes posso sentir a auto-defesa, a falta do auto-reconhecimento e o medo na maioria das reclamações. Afinal de contas é mais fácil acusar o outro da sua infelicidade do que se olhar no espelho e decidir mudar de atitude.
Uma coisa que sempre trabalho no coaching é uma tríade de idéias que são extremamente transformadoras e diminuem o hábito viciante das queixas e do negativismo:
- Foco no aqui e agora;
- Propósito;
- Nada é pessoal.
Foco no que tem que ser resolvido hoje, pare de procrastinar, pare de deixar para amanhã o que pode ser resolvido já, pare de se queixar dos afazeres mais enfadonhos. Ao tomar esta atitude você perceberá no final do dia de trabalho o quanto produziu e se sentirá feliz por isso.
O propósito é fundamental para levar sua vida a um novo patamar de felicidade. Logo ao acordar, mentalize que seu dia vai ser sensacional, que aquele problema que não tem solução vai ser resolvido, proponha-se a só por hoje não se irritar no trânsito ou nas discussões de trabalho. Não sei qual será o propósito para o seu dia, mas tenha um, pois afinal de contas, como diz o ditado, se não sabemos onde queremos chegar qualquer caminho serve. E de pensar que perdemos tanto tempo e energia com isso.
Por último, se estamos em um grupo eticamente coeso, bem preparado gerencialmente e numa discussão, um colega de trabalho sai vencedor sobre a idéia que você estava defendendo, lembre-se: ele não quis lhe derrotar, seu ego pensa desta forma, pare, respire, reflita e parta para outra aceitando a idéia vencedora. Afinal de contas, nada é pessoal, são apenas discussões de trabalho.
Parece um exemplo bobo, mas acontecem diariamente em quase todas as empresas discussões e ações que são analisadas através dos olhos do ego. À partir daí a confusão está estabelecida. Lembre-se, nada é pessoal. Como falamos sobre o ego e as queixas, trago um texto do Eckhart Tolle para provocar ainda mais você.
Queixas
“Queixar-se é uma das estratégias prediletas do ego para se fortalecer. Cada reclamação é uma pequena história que a mente cria e na qual acreditamos inteiramente. Não importa se ela é feita em voz alta ou apenas em pensamento. Alguns egos que talvez não tenham muito mais com o que se identificar sobrevivem apenas com queixas. Quando estamos presos a um ego assim, reclamar, sobretudo de alguém, é habitual e, é claro, inconsciente, o que mostra que não sabemos o que estamos fazendo.
Uma atitude típica desse padrão é aplicar rótulos mentais negativos às pessoas, seja na frente delas ou, como é mais comum, falando sobre elas com alguém ou apenas pensando nelas. Xingar é o modo mais rude de atribuir esses rótulos e de mostrar a necessidade que o ego tem de estar certo e triunfar sobre os outros: idiota, desgraçado, prostituta, todas essas afirmações sobre as quais não se pode argumentar. No nível seguinte, descendo pela escada da inconsciência, estão os gritos. Não muito abaixo disso se encontra a violência física.
Veja se você consegue capturar, ou melhor, perceber, a voz na sua cabeça – talvez no exato instante em que ela está reclamando de algo – e reconhecê-la pelo que ela é: a voz do ego, não mais que um padrão condicionado, um pensamento. Sempre que a observar, compreenderá que você não é ela, e sim aquele que tem consciência dela. Na verdade, você é a consciência que está consciente da voz. Atrás, em segundo plano, está a consciência. À frente, se situa a voz, aquele que pensa. Dessa maneira, você estará se libertando do ego, livrando-se da mente não observada. No momento em que você se torna consciente do ego, a rigor ele não será mais o ego, e sim um velho padrão mental condicionado.
O ego implica em inconsciência. Ele e a consciência não podem coexistir. O velho padrão mental, ou hábito mental, pode sobreviver e se manifestar por um tempo porque tem o impulso de milhares de anos de inconsciência humana coletiva atrás de si. No entanto, toda vez que é reconhecido, ele se enfraquece.”
Eckhart Tolle
Leave A Comment